O Lugar da Esperança na Reflexão Escatológica Pentecostal

Por Roger Mattos

O estudo sobre as últimas coisas é uma doutrina de suma importância dentro do pentecostalismo. Isso se deve ao arrefecimento que ela sofreu durante a Idade Média, a partir do momento em que a Igreja se aliou ao Estado.

Ademais, o pentecostal tem uma peculiaridade em relação à escatologia, devido aos acontecimentos que impactaram seu contexto imediato. Momentos de guerra e crises marcaram a identidade da expectativa da Segunda Vinda de Cristo.

Pode-se dizer, no entanto, que há tanto benefício quanto malefício advindos de tal visão escatológica. Em relação ao lado positivo, por exemplo, deu-se ênfase à interpretação literal, com forte influência da literatura apocalíptica judaica, retomando seu aspecto futurista como o evento de maior expectativa.

Em contrapartida, isso causou um efeito colateral na relação do crente com o mundo, bem como uma postura de escapismo ou até mesmo de estagnação e alienação em relação ao mundo em que se vive, pois este é considerado descartável em sua totalidade; ou seja, apresenta uma visão escatológica alarmista que promove o medo.

Contudo, com a concepção de esperança proveniente da escatologia de teólogos como Jürgen Moltmann, encontra-se o equilíbrio perfeito para as deficiências escatológicas pentecostais. A esperança é uma importante aliada da fé. Por isso, impacta a Igreja de modo que ela prossiga visando o futuro, porém exercendo um papel ativo em suas demandas em prol da sociedade.

Segundo Moltmann:

A existência de uma esperança escatológica mobiliza a igreja para uma caminhada de transformação constante, pois a fé se apoia na esperança e se lança para fora deste mundo. Não como fuga, mas como quem busca o futuro, significando: \”transpor fronteiras, transcender, estar em êxodo\” (MOLTMANN, 2005, p. 34).

Portanto, a escatologia pentecostal tem suas virtudes e fragilidades, seus prós e contras. A busca por resgatar uma interpretação mais fidedigna das Sagradas Escrituras e seu modo de vida radical são qualidades inerentes que, aliadas à esperança, cooperam para o progresso da Igreja na terra, evitando, assim, o escapismo ou a demonização do mundo.


MOLTMANN, Jürgen. Teologia da esperança. Petrópolis: Vozes, 2005.

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