As Implicações do Pensamento Escatológico de Paulo para as Igrejas Hodiernas

Por Roger Mattos

A parousia é o evento de maior ênfase entre os abordados tanto na primeira quanto na segunda carta escrita aos tessalonicenses. Por razões emergenciais relacionadas ao contexto histórico, o apóstolo dos gentios intervém de forma cirúrgica, instruindo os crentes de Tessalônica a respeito da segunda vinda de Cristo, pois a compreensão equivocada da doutrina das últimas coisas (ἐσχατολογία) estava causando transtornos à igreja.

Na segunda carta aos Tessalonicenses, havia um equívoco semelhante ao da primeira no que diz respeito à parousia; contudo, o motivo que os afligia era o oposto ao da carta inaugural. Se outrora a preocupação da igreja era a incerteza sobre o destino dos que já haviam falecido, doravante acreditava-se que o Dia do Senhor já havia chegado e que a segunda vinda era iminente, a ponto de muitos negligenciarem suas responsabilidades socioeconômicas.

Dessa forma, Paulo recorre ao meio mais eficaz de sua época para resolver uma questão eclesiológica, explicando de forma clara e lúcida os sinais que precederiam a segunda vinda do Senhor Jesus. Um desses sinais é a apostasia (ποστασία), que, no sentido original desta passagem, se refere a uma rebelião contra Deus. Independentemente da linha interpretativa, todavia, essa apostasia precederia o declínio espiritual e o aparecimento do filho da perdição.

A partir de uma análise da perspectiva escatológica da segunda carta aos crentes de Tessalônica, a igreja atual pode — e deve — extrair valiosas lições para nutrir uma espiritualidade edificante e equilibrada, aguardando a vinda do Senhor com uma visão otimista e esperançosa. Nos dias de hoje, fala-se muito de uma escatologia apocalíptica alarmista, o que provoca frustração, medo e legalismo.

No entanto, também não se deve viver de modo displicente, oscilando entre extremos, como aconteceu com os tessalonicenses. A vida espiritual deve ser tratada com seriedade, mas com a leveza da doce presença do Espírito Santo, que testifica ao coração daquele que nasceu de novo a certeza de sua salvação.

Portanto, a convicção da parousia é inquestionável, mas sua iminência é desconhecida — não se sabe o dia nem a hora. O exemplo a ser seguido é o das cinco noivas prudentes, que não negligenciaram sua vida devocional e estavam sempre preparadas, em total vigilância. Assim também deve estar a Noiva, pois o Noivo vem buscá-la.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *